segunda-feira, 23 de março de 2015

DANÇA E CEGUEIRA: a criação no lugar da falta

Artigo publicado na Revista
Grata ao Potlach, participante das Jornadas, Fabiana Grassi Mayca, Amanda Massucci Batista, Rodrigo Gonçalves, e as colaborações que recebi da Marisa Naspolini, Diana Gilardenghi, Alberto Heller , e a interlocução com Marcos José Müller, Lisia Gonçalves de Araujo e as alunas que participaram das Jornadas.

Resumo
A leitura do presente texto sugere uma fenomenologia da dança ao mostrar como o corpo vivido é o sentido através do qual compreendemos o que é ser humano. Com isso,apresento a cegueira como experiência perceptiva. Proponho as Jornadas, um processo criativo para apreciação da dança, fundamentadas em uma experiência intuitiva e estética. Descrevo a experiência de composição coreográfica de uma dançarina com cegueira congênita. Explicito, através da vivência das jornadas e da experiência com a cegueira, como o corpo, ao ser apreendido como casa da memória, revela-se como fluxo temporal. Finalizo tecendo considerações acerca da aprendizagem e da apreciação da dança na formação de professores.
Palavras-chave: dança, cegueira, fenomenologia, corpo, memória.

Lançamento da Revista Dança n.4
Revista Dança PPGDança
Revista Dança
http://www.portalseer.ufba.br/index.php/revistadanca
ou
www.revistadanca.ufba.br

quinta-feira, 25 de abril de 2013


Serviço Público Federal
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

NÍVEL: Mestrado/DOUTORADO
SEMESTRE: 2013.1
CÓDIGO: PGE 410096
Seminário Especial : Fenomenologia da Dança: Alteridade, Corpo e Educação.
CRÉDITOS: 02
CARGA-HORÁRIA: 30 HORAS
HORÁRIO: QUINTAS-FEIRAS, 14:00 as 17:00 HORAS
        PROFESSORA: DRª IDA MARA FREIRE

Plano de Ensino
EMENTA:
Fenomenologia da dança: vivido, temporalidade e intercorporeidade. Dança e existência.  Apreciação da dança: observação, execução e criação. O ensino da dança na África do Sul: política, corpo e alteridade.

OBJETIVO GERAL E/OU ESPECÍFICO:
·       Proporcionar aos estudantes aprofundamento teórico e prático acerca das noções fenomenológicas de vivido, temporalidade e intercorporeidade tendo como base a experiência da dança.
·       Estudar sistemas da dança



CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

Tema I: Fenomenologia da dança: vivido, temporalidade e intercorporeidade.

Tema II: Dança e existência. 

Tema III: Apreciação da dança: observação, execução e criação.

Tema IV: Sistemas da Dança Contemporânea

Tema V: O ensino da dança na África do Sul: política, corpo e alteridade.


Cronograma
1º. Encontro –  Fenomenologia da dança: observação, execução e criação
Apresentação do processo criativo Jornadas em Dança
Jornada I :Sistema: Rudolf von Laban – kinesfera (espaço vital)
2º. Encontro –  De volta às coisas mesmas
Jornada II:  Sistema Body-Mind Centering: Movimento Filogenético e ontogenético
3o. Encontro – Fenomenologia  da Percepção:
Jornada III: Os sentidos do corpo

4o Encontro –  A escrita no presente do tempo verbal
Jornada IV: Sistema: Movimento Autêntico
5o Encontro – A noção de Temporalidade na dança
Jornada V:  Diagonal da Vida
6o. Encontro – Apreciação da Dança: Observar, executar e Criar

7o Encontro – A expressão do vivido
Jornada VI: Sistema: Rasa Boxes O corpo e as emoções
8o Encontro – Experiências intersubjetivas
Jornada VII: A dança  e o feminino
9o Encontro – Dança e Transcendência
Jornada VIII:  A dança e o sagrado
10o Encontro – Corpo e  alteridade
Jornada IX: dança e a jornada existencial
–  Apresentação dos trabalhos



METODOLOGIA

Aulas Expositivas
Aulas Práticas



AVALIAÇÃO

Frequência e participação nas aulas
Escrita de um diário de campo
Elaboração e apresentação de um processo criativo




Bibliografia complementar


ADLER, Janet. Offering from the conscious body: the discipline of Authentic Movement. Rochester: Inner Traditions. 2003
CARMO, Paulo (2002) Merleau-Ponty: uma introdução. São Paulo: Educ.
COHEN, Bonnie Bainbridge. Sensing, Feeling and Action: the experiential anatomy of body-mind centering. Northampton: Contact. 1997.
FRIEDMAN, Sharon. Post-Apartheid Dance: Many Bodies, Many Voices, Many Stories. Cambrige Scholars Publishing.
FREIRE, Ida Mara. Ação política e afirmativa: corpo e alteridade no discurso educacional sul-africano pós-apartheid. O teatro transcende.  Vol. 16. N.2. 2011.
FREIRE,  Ida Mara. Dança-educação: o corpo e o movimento no espaço do conhecimento. Cadernos Cedes, 53. Campinas, SP; Papirus. p. 31-55.  2000.
JORDAN, A.C. Tales from Southern Africa. Johannesburg & Cape Town. AD Donker. 2004
KOZEL, Susan. Closer: performance, technologies, phenomenology. 2007. Massachusets Institute of Technology.
LABAN, Rudolf. Danza Educativa moderna. Buenos Aires: Paidós. 1984.
LÉVINAS, Emmanuel. Ensaios sobre a alteridade. Petrópolis, Vozes. 2009
MERLEAU-PONTY, Maurice (2000) O visível e o invisível. São Paulo:  Perspectiva.
MERLEAU-PONTY, Maurice (1994) A Fenomenologia da Percepção. São Paulo: Martins Fontes.
MERLEAU-PONTY,  Maurice.  A experiência do Outro. In: _________________. Merleau-Ponty na Sorbonne resumo de cursos psicossociologia e filosofia. Campinas SP: Papirus, 1988.
MILNE, Dido.  The phenomenology of dance. Art & Designe. London;  1993, p.88-89.
MINNICK, Michele Sheen. A dramaturgy of the flesh. Women e Performance, Issue 26,
NDEBELE, Njabulo S. Fines lines from the box: further thoughts about our country. Houghton. Umuzi. 2008.
OPONDO, Patrícia Achieng. Expressing an explicitly african aesthetic in neo-traditional dance expressions. Cape Town. Confluences. 1997.
PHILIP, Marlene NourbeSe. Looking for Livingstone: an odyssey of silence. Toronto: The Mercury Press. 2003.
SCHÜES, Christina,  OLKOWSKI, Dorothea E., and FIELDING, Helen A. Time in Feminist Phenomenology.  Blomington and Indianapolis. Indiana University Press. 2011.
SOKOLOWKI, Robert. Introdução a Fenomenologia. Rio de Janeiro, Loyola. 2000.
SAMUEL, Gerard.  Undressing the (w)rapper: disability dance. Florianópolis. NUP. Ponto de Vista. N.9 2007.

terça-feira, 23 de março de 2010

Plano de Ensino Dança no espaço escolar

Universidade Federal de Santa Catarina
Centro de Ciências da Educação
Departamento de Estudos Especializados em Educação

Disciplina: EED 5225. Dança no Espaço Escolar. Carga horária: 72hs. Semestre 2008.1
Prof. Ida Mara Freire

Plano de Ensino
Ementa: A dança e a formação de professores. O ensino da dança na comunidade, na escola pública e no ensino superior. Apreciação da Dança. Os sistemas da dança moderna e contemporânea. Vídeo-dança.

Objetivos:
Proporcionar as estudantes experiência com a dança.
Vivenciar a dança como jornada existencial.
Conhecer sistemas da dança contemporânea.
Introduzir o vídeo-dança.

Conteúdo Programático
Módulo I: A dança e a formação de professores: Jornadas

Módulo II: Apreciação da dança: Observar, Executar e Criar

Módulo III: Sistemas em Dança:
Rudolf Von Laban: a qualidade do movimento;
Bonnie Cohen: Body-Mind Centering;
Steve Paxton: Contato e improvisação;
Angel e Klauss Vianna: Conscientização do movimento.

Módulo IV: A condição dos olhos:
Prática e reflexão sobre a dança e a pintura.: Edgar Degas.
Vídeo-dança.

Metodologia:
Vivência das Jornadas.
Escrita Diário das Sensações
Avaliação:
Participação nas atividades propostas.
Freqüência
Criação e apresentação da dança de cada uma.
Entrega dos registros e cadernos.



Bibliografia:
BERTAZZO, Ivaldo. Cidadão-corpo: identidade e autonomia do movimento. 4ª. Ed. São Paulo. Summus. 1998.
BOURCIER, Paul. História da dança no ocidente. São Paulo; Martins Fontes. 1987.
CARMO, Paulo S. A fruição do olhar. In: Paulo S. Carmo. Merleau-Ponty: uma introdução. São Paulo: Educ, p.53-70. 2002.
GROVE, Bernd. Degas. Tradução; Alice Milheiro, Lisboa, Köln; Tachen. 2001
FREIRE, Ida Mara. Dança-educação: o corpo e o movimento no espaço do conhecimento. Cadernos Cedes, 53. Campinas, SP; Papirus. p. 31-55. 2000.
LEAL, Patrícia. Respiração e expressividade: práticas corporais fundamentadas em Graham e Laban, São Paulo: FAPESP/Anna Blume. 2006
RAMOS, Enamar. Angel Vianna: a pedagoga do corpo. São Paulo: Summus. 2007.
OLIVEIRA, Denise. A imagem na cena de dança contemporânea. In: Lições de Dança 3; Rio de Janeiro; UniverCidade, p. 53-76; 2002.
RENGEL, Lenira. Dicionário Laban. São Paulo: Anna Blume. 2000.
VALERY, Paul. Degas Dança Desenho. São Paulo; Cosac & Naify. 2003.
VIANNA, Klauss. A dança. Col. Marco A. Carvalho. São Paulo: Summus. 2005


Videografia:
BERTAZZO, Ivaldo. Samwaad: rua do encontro. São Paulo. SESC, 2004
BOGÉA, Inês e ROIZENBLIT, Sérgio: Maria Duschenes: o espaço do movimento. São Paulo: FUNARTE. 2006.
BRIGHTMAN, Sarah. Haren: a desert fantasy. 2003.
FREIRE, Ida Mara. Quatro. Potlach Grupo de Dança. 2005.
LARKIN, Ryan. Walking. Anima mundi. vol. 4. 1970
MADREDEUS BALLET, Mar. (Contemporâneo) Lisboa. 2006.
WEBBER, Andrew Lloyd. Cats. (Musical)Inglaterra: Universal. 1998

Consulta: Research in Dance Education www. informaworld.com/RID
Disciplina: Fundamentos e Metodologia do Ensino de
Arte-Educação - MEN 5116
Curso: Pedagogia – 4ª Fase
Prof ª. Drª Ida Mara Freire
idamara@ced.ufsc.br
Monitora: vanessaxaviercaldas@gmail.com
PLANO DE ENSINO Semestre: 2010.1


EMENTA DA DISCIPLINA: princípios teórico-metodológicos da arte-educação nas séries iniciais.

OBJETIVOS:
GERAL: refletir sobre o ensino da arte nas séries iniciais do ensino fundamental, analisando aspectos referentes á história da arte-educação no Brasil, às linguagens artísticas e à construção da representação na criança, discutindo e buscando alternativas de atuação para o professor no cotidiano educativo.
ESPECÍFICOS:
1. Refletir sobre os significados da arte.
2. Situar historicamente o ensino de arte no Brasil, em particular, aquele voltado à infância.
3. Identificar as diretrizes metodológicas para o trabalho com arte nas séries iniciais.
4. Possibilitar experiências diversas com múltiplas materialidades e técnicas de criação, promovendo a pesquisa artístico-cultural e a reflexão sobre as múltiplas formas de expressão.
5. Expandir e fortalecer a sensibilidade e a percepção para as diferentes linguagens da arte.
6. Ampliar os repertórios artístico-culturais dos(as) alunos(as);

CONTEÚDOS
UNIDADE I – CONCEPÇÕES E SIGNIFICADOS DA ARTE
 Por entre conceitos, obras e histórias: aproximações ao universo da arte;
 Arte como experiência e conhecimento:

UNIDADE II – HISTÓRICO DA ARTE-EDUCAÇÃO NO BRASIL
 Percursos históricos e pedagógicos do ensino da arte para as crianças
 O ensino da arte hoje
 Legislação atual: questões para o debate
 Desafios contemporâneos: por uma educação estética.
UNIDADE III – LINGUAGENS DA ARTE NA EDUCAÇÃO DAS CRIANÇAS E NA FORMAÇÃO DO(AS) PROFESSORES(AS)
 As imagens e a construção da representação na criança:
 A linguagem do desenho e da escultura entre as crianças*;
 A linguagem cênica e a dança no cotidiano das crianças dentro e fora do contexto formal de educação*;
 A música e a expressão musical na educação das crianças: limites e possibilidades*
 Museus, infância e educação:
 Visitas ;
 “Sobre educar com museus”

* Oficinas: ampliando as experiências dos(as) alunos/alunas nas linguagens da arte.

METODOLOGIA: aulas expositivas e dialogadas; estudos dirigidos; oficinas de experimentação e criação em diferentes linguagens da arte; seminários; visitas a exposições itinerantes, galerias de arte, salas de arte (ateliês), cinemas, teatros, museus e outros espaços de manifestações artístico-culturais a serem acordadas, agendadas com os(as) alunos(as); resenhas, relatórios, pesquisas; criação de um portfólio.

AVALIAÇÃO: será realizada de forma processual e em cada etapa do conteúdo programático, considerando o envolvimento e a responsabilidade do(a) aluno(a) nas propostas vinculadas ao desenvolvimento do plano de ensino. Esta avaliação processual será associada a outros procedimentos e instrumentos avaliativos como: elaboração escrita de relatórios, resenhas e pesquisas solicitadas, nas quais será observando a consistência teórica e coerência da produção; a participação nas oficinas e visitas a galerias e museus de arte; idas a sessões de cinema; elaboração e apresentação de seminários; construção de um portfólio de sobre o processo vivido na disciplina e/ou o desenvolvimento de um projeto artístico.

RECURSOS:
Salas adequadas para a pesquisa e criação nas diferentes linguagens (?); aparelho de som, CDs, filmes (DVDs), TV-DVD, papéis, livros de arte, livros de arte para crianças, livros de literatura infantil, argila, jornais, pincéis, tintas, materiais recicláveis, colas, água, tesouras, etc.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA:
BERGER, John. Modos de ver. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: arte. Brasília: MEC/SEF, 1997.
COELHO, Raquel. Teatro. Belo Horizonte: Formato Editorial, 1999.
CUNHA, Susana Rangel V. da. Entre Van Goghs, Monets e Mônicas: A infância educada através de imagens. Disponível em: http://www4.fapa.com.br/cienciaseletras/pdf/revista43/artigo8.pdf Acessado em: 24/04/2008.
DERDIK, Edith. Formas de pensar o desenho. São Paulo: Scipione, 1989. (Série Pensamento e Ação no Magistério).
DEWEY, John. Tendo uma experiência. In. John Dewey. Col. Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1980, p.89-105.
DUARTE JR., João-Francisco. O sentido dos sentidos a educação (do)sensível. Curitiba, PR: Criar Edições, 2001.
ECO, Umberto. O problema da obra aberta. In. ___. A definição da arte. RJ: Elfos,1995, p.153-159.
FERRAZ, M. H. C. de, FUSARI, M. F. de R. A educação escolar em arte tem uma história. In: ______. Metodologia do ensino de arte. São Paulo: Cortez, 1993. p. 27-37.
FERREIRA, Sueli. Imaginação e linguagem no desenho da criança. Campinas, SP: Papirus, 1998.
FUSARI, Maria F. de R., FERRAZ, Maria Heloisa C. de. História da arte no Brasil. In: _________. Arte na educação escolar. São Paulo: Cortez, 1993. p. 116-139.
GANZER, Adriana Aparecida. Turbilhão de sentimentos e imaginações: as crianças vão ao museu, ou ao castelo. In: LEITE, Maria Isabel & OSTETTO, Luciana Esmeralda (Orgs.). Museu, educação e cultural: encontros de crianças e professores com arte. Campinas, SP: Papirus, 2005, p.85-92.
GARCIA, Regina Leite (org.). Múltiplas linguagens na escola. Rio de Janeiro: DP7A, 2000.
GOMBRICH, E. H. Introdução: sobre artes e artistas. In: ______. A história da arte. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1993. p. 2-18.
LEENHART, Jacques. Duchamp: crítica da razão visual. NOVAES, Adalto (Org.) Artepensamento. São Paulo: Companhia das Letras, 1994, p.339-349.
LEITE, Maria Isabel. Desenho infantil: questões e práticas polêmicas. In: KRAMER & LEITE, Maria Isabel (Orgs.). Infância e produção cultural. Campinas, SP: Papirus, 1998, p.131-150.
MARTINS, Mirian C. et al. Didática do ensino de arte: a língua do mundo. São Paulo: DTD, 1998.
OLIVEIRA, Alessandra Mara Rotta de. Escultura e imaginação entre as crianças pequenas. In: CRITZEN, Celdon e CABRAL, Gladir S. (Orgs.) Infância: imaginação e educação em debate. Campinas, SP: Papirus, 2007, p.73.
OSINSKI, Dulce. A educação pela arte. In: Arte, história e ensino: uma trajetória. São Paulo: Cortez, 2001, p. 89-100.
OSTETTO, Luciana Esmeralda. “Mas as crianças gostam!” ou sobre gostos e repertórios musicais. In: ___ & LEITE, Maria Isabel. Arte, infância e formação de professores. Autoria e transgressão. Campinas, SP: Papirus, 2002. p. 41-60.
SCHAFER, Murray. O ouvido pensante. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1991.
WILSON, Brent. Mudando conceitos da criação artística: 500 anos de arte-educação para crianças. In: BARBOSA, Ana Mãe (Org.) Arte/Educação Contemporânea: consonâncias internacionais. São Paulo: Cortez, 2005, p.81-97.

Bibliografia Linguagem da dança:
BERTAZZO, Ivaldo. Cidadão-corpo: identidade e autonomia do movimento. 4ª. Ed. São Paulo. Summus. 1998.
BOURCIER, Paul. História da dança no ocidente. São Paulo; Martins Fontes. 1987.
CARMO, Paulo S. A fruição do olhar. In: Paulo S. Carmo. Merleau-Ponty: uma introdução. São Paulo: Educ, p.53-70. 2002.
GROVE, Bernd. Degas. Tradução; Alice Milheiro, Lisboa, Köln; Tachen. 2001
FREIRE, Ida Mara. Dança-educação: o corpo e o movimento no espaço do conhecimento. Cadernos Cedes, 53. Campinas, SP; Papirus. p. 31-55. 2000.
LEAL, Patrícia. Respiração e expressividade: práticas corporais fundamentadas em Graham e Laban, São Paulo: FAPESP/Anna Blume. 2006
RAMOS, Enamar. Angel Vianna: a pedagoga do corpo. São Paulo: Summus. 2007.
OLIVEIRA, Denise. A imagem na cena de dança contemporânea. In: Lições de Dança 3; Rio de Janeiro; UniverCidade, p. 53-76; 2002.
RENGEL, Lenira. Dicionário Laban. São Paulo: Anna Blume. 2000.
VALERY, Paul. Degas Dança Desenho. São Paulo; Cosac & Naify. 2003.
VIANNA, Klauss. A dança. Col. Marco A. Carvalho. São Paulo: Summus. 2005


Videografia:
BERTAZZO, Ivaldo. Samwaad: rua do encontro. São Paulo. SESC, 2004
BOGÉA, Inês e ROIZENBLIT, Sérgio: Maria Duschenes: o espaço do movimento. São Paulo: FUNARTE. 2006.
BRIGHTMAN, Sarah. Haren: a desert fantasy. 2003.
FREIRE, Ida Mara. Quatro. Potlach Grupo de Dança. 2005.
LARKIN, Ryan. Walking. Anima mundi. vol. 4. 1970
MADREDEUS BALLET, Mar. (Contemporâneo) Lisboa. 2006.
WEBBER, Andrew Lloyd. Cats. (Musical)Inglaterra: Universal. 1998

Consulta: Research in Dance Education www. informaworld.com/RID

terça-feira, 26 de maio de 2009

Aprecie o Múltipla Dança - Notações

Notações para apreciar o Múltipla Dança
Por Ida Mara Freire (*)
Quem pode apreciar a dança? Apreciar está associada ao ato de dar valor a, ter em apreço, estimar, prezar, ter consideração por. O Múltipla Dança está repleto de atividades para o expectador vivenciar a experiência estética, que pode ser um deleite para uns e desafios para outros, só não vale a indiferença. Este evento propõe uma programação com o intuito de deixar na agenda cultural de Florianópolis uma marca indelével. As organizadoras do evento Marta Cesar e Jussara Xavier convictas de que o encontro é de relevância para a profissionalização da dança local, salientam “aproveitem este tempo-espaço.” É atenta a esse convite desejoso de receptividade que busco oferecer algumas razões para que a pessoa que aprecia ou quer apreciar essa experiência tão peculiar que é a dança, participe, desfrute desse Seminário que resiste brava e criativamente as intempéries econômicas, políticas e culturais. Então, aproveite e desperte a sua curiosidade para a diversidade de contextos, imagens, diálogos e dança. O Múltipla vai apresentar uma série de atividades relacionadas ao Ano da França no Brasil. Aguce sua percepção. Atente-se para um gesto sutil, o figurino, a iluminação, a cenografia dos distintos espetáculos de dança. Veja, escute, cheire, prove, saboreie, toque, perceba como essas sensações podem ser elementos da composição coreográfica. Esteja aberto para aprender. A dança contemporânea é uma oportunidade para conhecermos outras possibilidades de comunicação tais como as disponibilizados no Lounge do Acervo Mariposa. Aprofunde seus conhecimentos acerca do vídeodança ao participar da amostra Sul Americana do Dança em Foco. Compreenda ao prestigiar os Diálogos como a ação política e a economia afetam a dança, e como ocorre o processo individual de criação que vai do corpo à cena. A dança é sempre um convite de ver movimentos comuns em contextos distintos e criar movimentos originais em lugares comuns. Mas, isso só tem graça se for compartilhado, sem a sua presença a dança não acontece, seu olhar é que sustenta o gesto do artista. Apreciar a dança demanda uma disposição de buscar compreender como, para onde e com quem se movimenta isso já é assunto para outra notação. Aprecie o Múltipla...

(*) Professora
idamara@ced.ufsc.br
publicado no Jornal Notícias do Dia em 26 de maio de 2009

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Jornadas em dança

A coragem de Ser: a dança enquanto jornada existencial


No princípio... a quietude, o silêncio e a simplicidade;
Vivenciar a quietude do corpo,
O silêncio da voz,
E a simplicidade do pensamento;


Criar a própria dança exige coragem e criatividade. Requer empreender a uma jornada de volta ao começo. Despertar os sentidos, as emoções, novos movimentos e as sensações. Redescobrir o sentido da vida, explorar o espaço sagrado e celebrar a existência. Neste processo examina-se o tempo vivido como expressão criativa. Deste modo, descrevo como a dança, enquanto jornada existencial, oferece uma compreensão privilegiada acerca da coragem de ser, a coragem de criar e a coragem de amar. A experiência envolve o corpo, a mente e o espírito; ou seja, a dança, a reflexão e a meditação. São dez encontros com a duração de aproximadamente 50-60 minutos. Durante o intervalo de uma semana para a outra é proposto um conjunto de atividades criativas - por exemplo, escrita de um diário, recorte e colagem, desenho, dentre outras - com intuito de elaborar o trabalho corporal e preparar para a etapa seguinte. Trata-se de uma experiência lúdica, prazerosa e profunda com vistas ao bem-estar proveniente do auto-conhecimento. Até o momento foram aproximadamente 30 as participantes que fizeram as jornadas em dança. Sumariamente apresento o conteúdo do processo que será descrito mais detidamente a seguir. As cinco primeiras jornadas compreendem o momento de entrar no casulo, tecer ao redor de si mesma e conhecer o espaço vital. Voltar ao começo, despertar os sentidos, descobrir os movimentos e outras sensações, perceber o corpo como dádiva: a dança como coragem de ser. Na sexta e na sétima jornadas busca-se redescobrir o sentido da vida, recriar a própria existência: para isso é necessária a coragem de criar. Nas três últimas jornadas entrelaçam-se o feminino e o sagrado, celebramos a existência em sua plenitude e beleza: a liberdade do vôo exige a coragem de amar.



6.4.1 Jornada I: Kinesfera - O espaço Vital


Sumário
A ação criadora investida na Primeira Jornada é conhecer o espaço vital. Partimos da noção de kinesfera, definida por Rudolf Laban (1879-1958) como a esfera do movimento ao redor do corpo É a esfera pessoal de movimento da qual nunca saímos, está sempre conosco, como uma carcaça. A kinesfera externa tem relação com a pele A interna tem relação com o esqueleto. A kinesfera média tem relação com os músculos. É gestual e formal. William Forsythe, propõe a noção de múltiplas kinesferas em diferentes partes do corpo, correspondendo a novos e diferentes centros do corpo (Rengel, 2000). O solo do casulo propõe as participantes dançar numa esfera escura. Buscar em seu corpo os registros, os traços gestuais, os fios existenciais e tecer com movimentos interligados, formando um bela trama, um aconchegante casulo. Um lugar que irá acolher, proteger, abrigar e transformar. Recomenda-se atentar para os fios, notar se são coloridos ou transparentes, sentir a textura e a espessura de cada fio. Tecer e dançar ao redor de si mesma.



A kinesfera é definida por Rudolf Laban[1] como a esfera do movimento ao redor do corpo É a esfera pessoal de movimento da qual nunca saímos, esta sempre conosco, como uma carcaça. A kinesfera externa tem relação com a pele, e é elástica como a pele é. Esta elasticidade permite ao agente interagir com o espaço e outras kinesfera. Por exemplo, encolhe-se num elevador,e expande-se numa praia deserta. A kinesfera interna tem relação com o esqueleto. É estrutura. Reflete um pensamento mais rígido e ao investi-la o agente se retrai do contato com outras kinesfera além da pele. A kinesfera média tem relação com os músculos. É gestual e formal. Reflete um pensamento mais comunicativo, mas não te intimidade. É a kinesfera do espaço social. William Forythe, propõe a noção de múltiplas kinesferas, em diferentes partes do corpo, correspondendo novos e diferentes centros do corpo.[2]
Tecendo ao redor de si mesma.
“ Observe-me. Estou fazendo um casulo.
Parece que estou me escondendo, eu sei,
mas um casulo não é uma fuga.
É uma casa provisória
onde acontece a transformação.
É uma grande decisão, pois nunca mais
você volta a ser taturana.
Durante a mudança, parecerá a você,
ou a qualquer outro que a ver,
que nada estará acontecendo –
mas a borboleta já estará se formando,
É só uma questão de tempo!”
Trina Paulus[3]
6.4.2 Jornada II: Movimento Filogenético e ontogenético: de volta ao começo

Sumário
Na Segunda Jornada a proposta está em reconhecer e vivenciar o movimento filogenético e ontogenético, ou seja, voltar ao começo. Nosso corpo se move como nossa mente se move. O desenvolvimento do movimento é trabalhado por Cohen (1997:4) tanto em termos filogenéticos como ontogenéticos. O desenvolvimento, explicita a autora, não é um processo linear, mas ocorre através de ondas sobrepostas, com estágios, contendo elementos de todos os outros. Em virtude de cada estágio estabelecer e apoiar o seu sucessivo, qualquer salto, interrupção ou falha para completar o estágio de desenvolvimento pode alterar o movimento e alinhamento na percepção, seqüência, organização, memória e criatividade. O desenvolvimento material inclui, além dos reflexos positivos, reações ajustadas e equilibradas, o padrão neurológico básico que é pautado por padrões de movimentos pré-vertebrados e vertebrados. O primeiro dos quatro padrões pré-vertebrados é a respiração celular, seguida da irradiação umbilical para a boca e do movimento pré-espinhal. Os doze padrões de movimentos vertebrados são baseados nos movimentos espinhal, homólogo, homolateral e contralateral. O sistema esquelético, formado por ossos e juntas, oferece ao nosso corpo a forma básica através da qual podemos nos locomover no espaço. Por esse meio, a mente também se organiza, promovendo suporte para nossos pensamentos.


Nosso corpo, explica Cohen[4] (1997:1), se move como nossa mente se move. As qualidades de qualquer movimento são as manifestações de como a mente é expressa através do corpo que está em movimento. As mudanças nas qualidades do movimento indicam que a mente mudou o foco sobre o corpo. Ao contrário, quando nós dirigimos a mente ou a atenção para diferentes áreas do corpo, e iniciamos o movimento a partir dessas áreas, nós mudamos a qualidade do nosso movimento. Então, achamos que o movimento pode ser um modo de observarmos a expressão da mente através do corpo, e isso também pode ser uma maneira de produzir mudanças na relação mente-corpo.

O estudo "Body-Mind Centering" inclui a aprendizagem tanto experiencial como cognitiva dos sistemas do corpo humano, como por exemplo, esqueleto, ligamentos, músculos, nervos, gordura, pele, órgãos, glândulas endócrinas, fluidos, respiração e vocalização; os sentidos e a dinâmica da percepção e o desenvolvimento do movimento tanto ontogenético como filogenético; e a arte do tocar e a responsividade.

O desenvolvimento do movimento é outro aspecto relevante no sistema Body-Mind Centering, que é trabalhado por Cohen (1997:4), tanto em termos filogenéticos como ontogenéticos. O desenvolvimento, explicita a autora, não é um processo linear, mas ocorre através de ondas sobrepostas, com estágios, contendo elementos de todos os outros. Em virtude de cada estágio estabelecer e apoiar o seu sucessivo, qualquer salto, interrupção ou falha para completar o estágio de desenvolvimento pode levar a problemas no movimento e alinhamento na percepção, seqüência, organização, memória e criatividade. O desenvolvimento material inclui, além dos reflexos positivos, reações ajustadas e equilibradas, o padrão neurológico básico que é pautado por padrões de movimentos pré-vertebrados e vertebrados. O primeiro dos quatro padrões pré-vertebrados é a respiração celular, seguida da irradiação umbilical para a boca e do movimento pré-espinhal. Os doze padrões de movimentos vertebrados são baseados nos movimentos: espinhal, homólogo, homolateral e contralateral. O sistema esquelético: formado por ossos e juntas, esse sistema oferece ao nosso corpo a forma básica através da qual podemos nos locomover no espaço. Por esse meio, a mente também se organiza, promovendo suporte para nossos pensamentos.














6.4.3 Jornada III: Os sentidos do corpo
Sumário
O tema da Terceira Jornada diz respeito aos sentidos do corpo: sentidos, sentimentos e ação - percebo, sinto e ajo. O meticuloso exame que Cohen (1997) aplica a nossa percepção mostra que é através de nossos sentidos que recebemos informações de nosso ambiente interno (nós mesmos) e do nosso ambiente externo (os outros e o mundo). Aprendizagem é o processo pelo qual variamos nossa resposta para essa informação baseado no contexto de cada situação. O toque e o movimento são os primeiros sentidos a se desenvolverem. Eles estabelecem a linha de base para a futura percepção através do olfato, paladar, audição e visão. A boca é a primeira extremidade para segurar, soltar, medir, alcançar e retirar. Ela marca a fundação para os movimentos de outras extremidades (mãos, pés e cauda) e se desenvolve em relação aproximada com o nariz. O movimento da cabeça é iniciado pela boca e pelo nariz, os movimentos abaixo da cabeça são iniciados pelos ouvidos e olhos. O tônus auditivo e o tônus postural - a vibração e o movimento - são registrado pelo ouvido e são intimamente relacionados. A visão é dependente de vários sentidos, e por sua vez ajuda a integrar, formando padrões mais complexos. A percepção pode ser explorada em termos de inter-relação de diferentes sentidos e sua relação com o processo de desenvolvimento. Através da exploração do processo perceptivol, nós podemos expandir nossas escolhas em respostas a nós mesmos, aos outros e ao mundo no qual vivemos (COHEN, 1997, p. 6 e 7).



Percepção e Escolha
O tema de hoje diz respeito aos sentidos do corpo:
a) Sensing, feeling and action
b) sentidos, sentimentos e ação
c) percebo, sinto e ajo
Cohen[5] (1997:1), “É através de nossos sentidos que nós recebemos informações de nosso ambiente interno (nós mesmos) e do nosso ambiente externo ( outros e do mundo). Como nós filtramos, modificamos, distorcemos, aceitamos, rejeitamos e usamos essa informação isso é parte do ato de percepção. Quando nós escolhemos absorver informação, nós nos vinculamos a esse aspecto de nosso ambiente. Quando nós bloqueamos essa informação, nós defendemos contra esse aspecto. Aprendizagem é o processo pelo qual nós variamos nossa resposta para essa informação baseado no contexto de cada situação. Em ordem de perceber claramente, nossa atenção, concentração, motivação ou desejo, devem ser ativamente focados sobre o que é que estamos percebendo. Este aspecto da percepção nós nomeamos de “focagem ativa”. Isso padroniza nossa interpretação de informação sensorial, e sem essa focagem ativa nossa percepção se mantém pobremente organizada. O toque e o movimento são os primeiros sentidos a se desenvolverem. Eles estabelecem a linha de base para futura percepção através olfato, paladar, audição e visão. A boca é a primeira extremidade para segurar, soltar, medir, alcançar e retirar. Ela marca a fundação para os movimentos de outras extremidades (mãos, pés, e cauda) e se desenvolve em relação aproximada (close association) com o nariz. O movimento da cabeça é iniciado pela boca e pelo nariz, os movimento abaixos da cabeça são iniciados pelos ouvidos e olhos. O tônus auditivo e o tônus postural, vibração e movimento são registrado pelo ouvido e são intimamente relacionados. A visão é dependente de vários sentidos, e por sua vez, ajuda a integrar formando padrões mais complexos. A percepção pode ser explorada em termos de inter-relação de diferentes sentidos e sua relação com o processo de desenvolvimento. Através da exploração do processo perceptual, nós podemos expandir nossas escolhas em respostas a nós mesmos, aos outros e ao mundo o qual nós vivemos. (tradução livre: Bonnnie Baindidge Cohen, Sensing, feeling, and action. 1993, p. 6)











Improvisação dirigida: [15minutos]
Os órgãos dos sentidos – caminhe pela sala e explore cada sentido.
órgão
Sentido
Sentimento
Plano
Ação
Boca
Paladar
Receptividade
Disposição para receber
Horizontal
Atenção, procura
comunicação
Nariz
Olfato
Poder, orgulho, sexualidade
Sagital
Chamada, planejar, direção, locomoção
Ouvido
Audição
Obediência
Vertical
Análise, determinação,
Intenção e apresentação
Olhos
Visão
Discernimento
tridimensional
Acolhe impressões e é expressão do interior (lágrima)
Pele
Tato
Delimitação, normas, contato, carinho
Sistema nervoso superficial
Separação e proteção; toque e contato; expressão e manifestação, sexualidade, respiração, eliminação, regulação da temperatura.




6.4.4 Jornada IV: Movimento Autêntico
Sumário

O contato com o mundo interior é a tarefa da Quarta Jornada. O contexto do movimento autêntico (ADLER, 2002) ensina que a descrição de uma experiência é distinta de uma fala sobre a experiência. Essa disciplina se dá em duas fases, relatadas a seguir:


Fase A
Escolha um espaço na sala. Feche os olhos com a finalidade de expandir sua experiência de ouvir os níveis mais profundos de sua realidade sinestésica. Sua tarefa é responder uma sensação, um impulso interior, uma energia vinda do inconsciente pessoal, ou do inconsciente coletivo. Essa resposta para essa energia cria movimento que pode ser visível ou invisível para o observador. À medida que o trabalho aprofunda, o movimento se torna mais organizado em padrões específicos, em partes específicas do corpo, dentro de ritmo e formas espaciais. Assim, como a função da personalidade: mais emocional do que intuitivo, mais sensitivo que pensativo. Após cinco minutos, a experiência será concluída, chamarei seu nome e solicitarei para você abrir o seus olhos. Nós faremos um contato visual e você voltar para o colchonete.
Fase B
Após se mover você pode: a. não falar e podemos ficar sentadas em silêncio. b. você pode falar de sua chegada aqui e agora, qual foi o caminho percorrido de sua experiência original ao movimento; você pode escolher agora encontrar palavras que são nascidas momentos por momento, do próprio movimento. Se você tentar escolher essa caminho, feche seus olhos novamente, ao começa descobrir palavras, escolha algumas, entregue entre outras, tal como foi descoberta, ou entrega ao movimento quando estiveres trabalhando no espaço. Nesta continuação do foco interior de você sentada aqui em seu colchonete, faz que você fale com o verbo no tempo presente. O presente relembra-nos, prende-nos e encoraja-nos permanecer no corpo, encarnada, experiência em movimento guiando-a até essa se tornar palavra. Tente agora lembrar o que o seu corpo esta fazendo enquanto você estava se movendo, e talvez a seqüência de seu movimento. Depois que você falar eu lhe direi como testemunha, o que eu vi o seu corpo fazendo, incluindo a seqüência do seu movimento. Juntas articularemos um mapa com nomes, lugares, seu corpo se movimentando no tempo e no espaço. Este mapa é solo, a terra, o terreno essencial pelo qual a nossas experiência se tornam conhecidas.

6.4.5 Jornada V: Diagonal da Vida I
Sumário

Na Quinta Jornada a ação criadora está em solicitar à dançarina que, em uma diagonal, vivencie a sua existência, do nascimento a sua morte. Nesse processo examina-se o tempo vivido como expressão e revelação criativa. Nesse momento ocorre uma profunda desconstrução e uma busca de sentido existencial.


Mude,
mas comece devagar
porque a direção é mais importante
que a velocidade
Sente-se em outra cadeira,
no outro lado da mesa.
Mais tarde, mude de mesa.

Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua.
Depois, mude de caminho,
ande por outras ruas,
calmamente,
observando com atenção
os lugares por onde você passa.
Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas.
Dê os seus sapatos velhos.
Procure andar descalço alguns dias.

Tire uma tarde inteira
para passear livremente na praia,
ou no parque,
e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas
e portas com a mão esquerda.

Durma no outro lado da cama... depois, procure
dormir em outras camas.
Assista a outros programas de tv,
compre outros jornais...
leia outros livros,
Não faça do hábito um estilo de vida.
Ame a novidade.
Durma mais tarde.
Durma mais cedo.

Aprenda uma palavra nova por dia
numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos,
escolha comidas diferentes,
novos temperos, novas cores,
novas delícias.

Tente o novo todo dia.
o novo lado,
o novo método,
o novo sabor,
o novo jeito,
o novo prazer,
o novo amor.
a nova vida.
Tente.
Busque novos amigos.
Tente novos amores.
Faça novas relações.

Almoce em outros locais,
vá a outros restaurantes,
tome outro tipo de bebida
compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo,
Jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado...
outra marca de sabonete,
outro creme dental...
tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores.
Vá passear em outros lugares.

Ame muito,
cada vez mais,
de modos diferentes.
Troque de bolsa,
de carteira,
de malas,
troque de carro,
compre novos óculos,
escreva outras poesias.
Vá outros cinemas,
outros cabeleireiros,
outros teatros,
visite novos museus.

Jogue os velhos relógios,
quebre delicadamente esses horrorosos despertadores.

Abre conta em outro banco.

Mude.
Lembre-se de que a Vida é uma só.
E pense seriamente em arrumar um outro emprego,
uma nova ocupação,
um trabalho mais light,
mais prazeroso,
mais digno,
mais humano.

Se você não encontrar razões para ser livre,
invente-as.
Seja criativo.
E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa, longa, se possível sem destino.
Experimente coisas novas.
Troque novamente.
Mude, de novo.
Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá
coisas pitorescas que as já conhecidas, mas não é
isso o que importa.
O mais importante é a mudança, o movimento,
o dinamismo, a energia. Só o que está morto não muda!
Repito por pura alegria viver:
a salvação é pelo risco, sem o qual a vida não vale a pena!!!


6.4.6 Jornada VI: Diagonal da Vida II
Sumário
Na Sexta Jornada a participante é convidada a elaborar a própria existência ao recriar a diagonal da vida. Busca-se, nessa etapa, criar o movimento da memória para o gesto, de uma experiência de vida específica para a imagem de um movimento formal: coreografar a história de vida (Albright, 1997).


Relaxamento/ Meditação [cinco minutos]
“Quando estou distraído, caio na sombra e no oco e no doce e no macio nada-de-mim. Me refresco. E creio. Creio na magia, então. Sei fazer em mim um atmosfera de milagre. Concentro-me sem visar nenhum objeto – e sinto-me tomado por uma luz. É um milagre gratuito, sem forma e sem sentido- como o ar que profundamente respiro a ponto de ficar tonto por uns instantes. Milagre é o ponto vivo do viver.”
Clarice Lispector, Um sopro de vida, p.39.









6.4.7 Jornada VII: A linguagem do corpo

Sumário
Conhecer o corpo vivido, vivenciar o corpo emocional, reconhecer as próprias expressões são os desafios da Sétima Jornada. Proposta a partir do Rasaboxes, um treinamento psicofísico e um instrumento de composição para a performance criado por Richard Schechner e desenvolvida por Michele Minnick (2003), que combina teorias clássicas indianas de emoção e interpretação, pesquisas contemporâneas da psicologia, neurociência e o princípio do teórico francês Antonin Artaud, que propõe que atores sejam “atletas da emoção”. Rasa, que em Sânscrito significa “sabor”, no contexto da performance se refere a oito emoções básicas, suas combinações e como as mesmas são saboreadas pelo público. As boxes (caixas) são quadrados desenhados por linhas no chão, e cada caixa contém uma Rasa. Através de improvisações estruturadas, o Rasaboxes oferece ao jogador a possibilidade de pesquisar suas próprias expressões corporais a partir das Rasas básicas, desenvolver sua habilidade de passar de uma Rasa para outra instantaneamente e de combiná-las de forma a criar estados emocionais bastante complexos.



Atividade: Você receberá 10 cartões contendo as seguintes emoções
KARUNA = COMPAIXÃO [tristeza, a perda, amargura, angustia, melancolia]
VIRA = CORAGEM [orgulho, ousadia, herói / heroína]
BIBHATSA = REJEIÇÃO [ náusea, revolta, revolução]
RAUDRA = RAIVA [ira, ódio, os demônios]
ADBHUTA = DESCOBERTA [maravilhoso, surpresa, inesperado]
BHAYANAKA = MEDO [medo, terror, pânico, receio]
SRINGARA = AMOR [prazer, gostar, admiração, devoção]
HASYA = RISO [ironia, simpatia, palhaço, grotesco, grosseria
SHANTA = PAZ [tranqüilidade, harmonia, serenidade, ] observar de dentro para fora.

Observação: cada Rasa é um oceano. Entrar e sair em algo que já existe. Sensações que entram e que sai, ser possuída por aquela emoção. Respirar com aquilo que é próprio. Trabalhar a Rasa com a caixa de ressonância: Respiração, movimento, emoção e som.

m k.,,’’;




6.4.8 Jornada VIII: A dança sagrada
6Sumário
As experiências da Oitava Jornada se dão a partir da vinculação da dança com o Sagrado ou seja, primeiramente conceber o corpo como templo, em segundo lugar vivenciar a dança sagrada. Em terceiro lugar, dançar para transformar a existência.


6.4.9 Jornada IX: A dança de cada um
Sumário
A Nona Jornada, quando a dançarina é convidada a percorrer o caminho sagrado - bem descrito- na canção popular: “Tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranqüilo.” Após caminhar no espaço sagrado; meditar. Perceber assim a nossa kinesfera como nosso espaço sagrado. Isso é permitir que o nosso feminino aflore, tornando-nos mais receptivas e mais aptas a magnetizar e a receber, em estado silencioso (SAMS, 2000). Discernir com o auxílio de nossos sentidos qual é a nossa verdade pessoal. E assim, criar a própria dança, que não se trata apenas de uma expressão do ser e sim uma revelação do ser.


Exploração: [quinze minutos]A jornada que leva ao centro de si é uma jornada que nos leva ao encontro do Outro.
Primeiro Caminho: A quietude:
Na quietude, todas as perguntas são respondidas no silêncio, e todos os problemas são tranqüilamente solucionados.[6] Em vários momentos da nossa jornada, nos atentamos para o silêncio. Como diz uma canção popular: ♪ Tudo é uma questão de manter:a mente quieta ♫♪ a espinha ereta e o coração tranqüilo♫
Vamos aprender a permanecer no silêncio: vivenciar a quietude do corpo e da mente, por alguns minutos. Percebendo assim a nossa kinesfera como nosso espaço sagrado.Com a disposição de perceber as respostas que nos são oferecidas pela nossa própria vida cotidiana. Isso é permitir que o nosso feminino se aflore, tornando-nos mais receptivas e mais aptas a magnetizar e a receber, em estado silencioso.
O segundo caminho: O discernimento.
Como nossos sentidos podem nos ajudar a digerir as respostas que nos chegam e aprender a sentir quais as que melhor se aplicam a nós. Ou seja, como integrar a informação e discernir qual é a nossa verdade pessoal?


Olhos
Visão
Discernimento
Tridimensional
Acolhe impressões e é expressão do interior (lágrima)
O terceiro caminho: A organização
Esse caminho significa a sustentação da nossa estrutura em nossa verdade pessoal. Se tivermos consciência de nossas idéias digeridas, poderemos nos organizar melhor para atingir os nossos objetivos, partindo de uma base sólida. Sempre que nossos objetivos estiverem baseados em nossos desejos e verdades pessoais, serão alcançados com alegria. Serão objetivos que nos esforçaremos por alimentar porque são verdadeiramente nossos, e não objetivos que outros esperam de nós.
Improvisação/criação [cinco minutos] Esse caminhar que nos leva para frente. Vamos explorar o caminhar. Uma das possibilidades de explorarmos o nosso caminhar na dança, se pauta no Butô: Caminhar: Simples, básico, sofisticado e refinado.Caminhar com os pés afastados do chão um centímetro. Joelhos levemente flexionados, coluna ereta, sentindo fio invisível puxando a cabeça para o alto, e cóccix para baixo; Indagar: que andar é esse? Incorporar o andar: quem anda assim?Na diagonal caminhar para frente guiada pelo quinto metatarso, pelo cóccix, a cabeça, o coração, a barriga. Indagar: quem te leva para frente, uma idéia, um local, o que você está deixando para trás, quem? uma pessoa? um trabalho? uma expectativa? um sonho?
Criação/Composição: Crie sua dança a partir das jornadas que fizesse até aqui. Apresente sua criação.
Fechamento: Meditação - Reflexão: [cinco minutos] (...) Há toda uma caminhada, que nos chama para frente (no velho latim se diria: provo-cat). Amigos africanos me asseguraram que, em muitos idiomas nativos da África, há um montão de termos para “caminho” e “caminhar”, com incríveis nuanças.Caminhar com um criança, se fala de um modo. Caminhar com os pais, já se fala de outra maneira. Caminhar com amigos, se diz de um jeito. Com uma pessoa amada, ainda de outro. Mas- segundo me disseram esses amigos da África- , apesar de tantas palavras para “caminhar”, nas línguas deles não existe nenhuma palavra para “caminhar sozinho”. [7]


6.4.10 Jornada X: Beleza e Celebração
Sumário
Na Décima Jornada, ao narrar e dançar sua história, a dançarina celebra a existência. Atenta-se para o belo presente no feminino e no sagrado. Dançar a vida como experiência estética - a vida como obra de arte. Essa jornada que leva ao centro de si é uma jornada que nos leva ao encontro do Outro e isso exige um novo tipo de coragem: a de amar e ser amada.





6.5 Jornadas – uma experiência de ensino

Ao ser indagada sobre suas noções de dança antes e depois de realizar as jornadas, uma estudante, aqui chamada de “Electra”, respondeu: “Antes:  Uma forma de divertir o corpo e relaxar a mente; Depois:  A dança é uma forma de cuidar e perceber o corpo, que diverte o corpo e relaxa a mente.” “Lunar”, após notar sua noção superficial, percebe que a dança é muito mais do que imaginava: “É um processo de auto-conhecimento e auto-estima, pelo qual devemos passar para que a expressão dos movimentos seja não apenas representada por meio da dança, mas vivenciada.” De que modo essa mudança de percepção da dança as motivaria à apreciação da dança? A forma de “Bella” ver, sentir, experimentar e apreciar a dança mudou após as jornadas: acrescentou e ampliou seu repertório e conhecimento sobre a dança. A cada jornada, examina “Anne”: “quando estava sentada em silêncio, procurava fazer uma reflexão a respeito de tudo que se havia comentado e o que fora trabalhado, como a quietude, os sentidos, o valor do toque, saber ouvir, parar para sentir o outro, relaxar, mostrar-se, expressar-se e muito mais.”

Em relação ao ensino, à aprendizagem e a apreciação da dança, “Serena” escreveu: “os três devem estar sempre juntos, não existe prática sem teoria , é preciso saber o que significam os movimentos para poder compreender a dança.” Destaco este último comentário, pois suas noções de dança foram significativamente alteradas: “Antes eu achava que para saber dançar, era preciso ter cursos; hoje compreendi que qualquer movimento do meu corpo é uma dança.”

6.5.1 A condição dos olhos – a experiência estética

Quem ainda não se deparou com a reprodução de uma das bailarinas de Edgar Degas? E semelhantemente não tenha se encantado com aquela sua escultura de bronze de uma jovem dançarina trajada de musselina e cetim? “Há uma imensa diferença entre ver uma coisa sem o lápis na mão e vê-la desenhando-a”, escreve Paul Valéry (2003:71) acerca da obra de Degas. O desenho de observação de um objeto, examina o autor, “confere ao olho certo comando alimentado por nossa vontade. Neste caso, deve-se querer para ver e essa visão deliberada tem o desenho como fim e como meio simultaneamente” (grifos do autor).

Mas o que nós estamos a ver quando assistimos a um espetáculo de dança, quando dançamos ou, ainda, quando coreografamos? Bem, a observação, a execução e a criação da dança são dimensões da apreciação da dança. Análoga à experiência do traçar da pintura, no qual o comando da mão pelo olhar é bastante indireto. Na dança, também, várias etapas intervêm, entre elas a memória corporal. Como descreve Valéry (2003 p. 71): “cada relance de olhos para o modelo, cada linha traçada pelo olho torna-se elemento instantâneo de uma lembrança, e é de uma lembrança que a mão sobre o papel vai emprestar sua lei de movimento. Há transformação de um traçado visual em traçado manual.”

A estudante aqui chamada “Serena”, ao comentar sobre sua experiência com a dança durante a disciplina, expressou que foi “extremamente prazerosa, reveladora e enriquecedora. Foi maravilhoso poder movimentar meu corpo junto das pessoas que também fizeram a disciplina, e ver como é lindo o corpo em movimento. Não importa cor, tamanho, forma. Foi lindo ver as nossas colegas dançando.” O estético, admite Clement Greenberg (2002 p. 130), “está à espreita por toda a parte e  contrariando o senso comum  não é necessária uma sintonia especial para que se tenha uma experiência estética nesse ou naquele grau”. Para apreciar a dança é necessário apenas que o artista avance, recue , debruce-se, franza os olhos , comporte-se com todo o corpo como um acessório de seu olho, torne por inteiro órgão de mira, de pontaria, de regulagem, de focalização (VALÉRY, 2003).
6.5.2 A experiência do pensamento e a coragem de ser

As noções de existência, corporeidade, temporalidade, tão bem discutidas por Sokolowski (2000), contrapõem-se à compreensão pós-moderna de sujeito fragmentado, carente de identidade, com múltiplas ausências sem nenhuma presença duradoura real. A proposição de jornadas existenciais como conteúdo da disciplina Dança no Espaço Escolar, no curso de Pedagogia da Universidade Federal de Santa Catarina, desvela a coragem de ser:

“Entrei no casulo – e é lindo – porque de fato, sinto-me cuidando deste nascimento-existencial: quando teço o meu casulo, quando imprimo cores e texturas diferentes, quando me aproximo deste local que cuida de mim enquanto me transformo. Não quero ter pressa, aliás, quero sair dessa lógica de que estou sempre atrasada, quero perceber, sentir e viver o movimento com suas matizes e melodias quero o encontro que me leve ao reencontro comigo – quero me tornar uma pessoa melhor...” (“Aquela que Escuta” – participante)


A experiência do movimento autêntico é assim descrita pela participante “Brisa do Mar”: “Eu sinto os joelhos, flexiono os joelhos. Sinto os dedos dos pés. Mexo os quadris. Massageio a bunda, articulo as escápulas. Sacudo as escápulas. Flexiono e relaxo. Eu me abaixo. Sinto o meu corpo no chão. Eu me estendo e me encolho. Eu sinto o contato da perna ... suporte. Apóio os olhos (faz o gesto das mãos fechadas e punho apoiando os olhos) Sinto o cabelo (expressa movimentando os cabelos) Sinto coceira no cabelo. Toda... Aí eu torço para um lado, pro outro, flexionando os joelhos. Sinto a boca, começo a babar. Faço careta. Gosto de fazer careta. Acompanho com o quadril. Faço um som, movimento para frente, respiro, inspiro. Me abraço, me elevo. Desabraço. Final. Vai abrindo o corpo.” Comentários: pergunto como foi descrever o movimento no tempo presente. Responde: maior conexão entre mente e corpo. É como repetir abstratamente. Falo que notei que enquanto ela descrevia o próprio movimento ela fechava os olhos e por várias vezes repetia o movimento juntamente com a fala. Ela diz que ao fazer isso sentia mais a fluência do movimento, sentia-se guiada, sentia o movimento, a sensação.”

Na quinta etapa do processo solicitamos às participantes que, em uma diagonal, vivenciem a sua existência, do nascimento a sua morte. Nesse processo examina-se o tempo vivido como expressão e revelação criativa. Nesse momento ocorre uma profunda desconstrução e uma busca de sentido existencial. Uma participante, aqui chamada de “Zum”, após realizar sua diagonal, comenta que vivenciou sentimentos de solidão, isolamento, sentiu que vivia como se a vida fosse uma tarefa. “Zum” chorou. Na fenomenologia de Paul Tillich, a “coragem como um ato humano, como matéria de avaliação, é um conceito ético. Coragem como auto-afirmação do ser de alguém é um conceito ontológico. A coragem do ser é o ato ético no qual o homem afirma seu próprio ser a despeito daqueles elementos de sua existência que entram em conflito com sua auto-afirmação essencial.” (1976:3).

A coragem é necessária para que a mulher possa ser e vir a ser. Para que o eu seja é preciso afirmá-lo e comprometer-se. Essa é a diferença entre os seres humanos e os seres da natureza. O psicanalista Rollo May, ao comentar a perspectiva ontológica da coragem em Paul Tillich, exemplifica que o filhote transforma-se em gato por instinto. Nessa criatura, natureza e ser são idênticos. Mas um homem ou uma mulher tornam-se humanos por vontade própria e por seu compromisso com essa escolha. Os seres humanos conseguem valor e dignidade pelas múltiplas decisões que tomam diariamente. Essas decisões exigem coragem. Contudo, um tipo de coragem que não se expresse em desmandos de violência e que não dependa de afirmar o poder egocêntrico sobre as outras pessoas, “mas uma nova forma de coragem corporal: o uso do corpo não para o desenvolvimento exagerado de músculos, mas para o cultivo da sensibilidade”, sugere May (1982). Na Sexta Jornada, por exemplo, a participante é convidada a elaborar a própria existência ao recriar a diagonal da vida. Busca-se, nessa etapa, criar o movimento da memória para o gesto, de uma experiência de vida específica para a imagem de um movimento formal: coreografar a história de vida (Albright, 1997). Ao comentar esta jornada, “Zum” sentiu gratidão e leveza, ao invés de perceber a vida como uma tarefa árdua. Despertou...


6.5.3 Dança na Educação –experiência de vida

Ao chegarmos ao término desse relatório de pesquisa, esperamos ter apresentado argumentos e experiências suficientemente consistentes para sustentar a nossa proposição da inserção do ensino da dança nos cursos de formação de professores. Na tentativa de irmos mais além das discussões acerca do ensino-aprendizagem, convidamos os professores a apreciarem a dança tendo como inspiração sua própria experiência estética vivenciada em jornadas existenciais. A descrição de vividos possibilitou constatar que as noções de dança foram alteradas após uma vivência profunda com a dança. A despeito de toda a discussão pós-moderna acerca do relativismo ontológico, as experiências aqui descritas desafiam o indivíduo a ver o outro numa relação de coexistência. A dança assim concebida não é solitária, mas sim solidária. No contexto educacional, a troca de uma letra faz muita diferença.



















7. Bibliografia
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[5] Bonnie Bainbridge Cohen. Sensing, Feeling and Action: the experiential anatomy of body-mind centering. Northampton: Contact. 1997.
[6] Tradução livre – A Course in Miracles
[7] Hugo Assmann. Paradigmas educacionais e corporeidade.