quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Acolhimento da doçura

Acolhimento da doçura
Ida Mara Freire

Ao guardar na geladeira a gelatina recém-preparada. Olhei para o leite condensado no pote transparente. Decidi: vou fazer arroz doce! Li a receita e notei que leite sim, condensado não. Não convencida procurei outra receita e esta não incluía também tal doçura. Então, vamos fazer como sugerem. Pacientemente, comecei a preparar a receita. Coloquei ½ xícara de arroz de molho na água morna. Passada meia hora adicionei o arroz e as 10 xícaras de leite, com 1 pedaço de casca de limão, a rama de canela na panela e fui mexendo a colher de pau, atenta à cor, à textura. O tamanho da panela me oferecia uma sensação maternal... Cozinhou por meia hora e certifiquei que o arroz já estava macio. Acrescentei as duas xícaras de açúcar e mexendo de vez enquanto para na grudar deixei no fogo ainda brando por mais meia hora. O cheiro da canela vertia da panela, tudo fervia. Bem, ambas as receitas recomendavam colocar o arroz doce numa compoteira então escolhi uma dentre algumas. Essa escolha me fez recordar os presentes do meu casamento, que já acabara. Quando a gente está cozinhando com o coração muitas recordações ressurgem. Lavei, constatei a textura do vidro, evitei colocar no mármore. Acreditei estar seguindo corretamente as instruções. Uma concha, outra concha e crash... a compoteira se partiu precisamente ao meio. Olhei e tratei de limpar tudo rapidinho e sem pestanejar. Eu sabia, que estava aprendendo uma lição. Uma lição sobre o lugar da doçura. Com o intuito de armazenar o arroz doce restante na panela, olhei para um pote de plástico e assim procedi, sem grandes surpresas. Ele acolheu placidamente o doce quente. E seguindo diligentemente as instruções coloquei-o na geladeira. À noite me servi do arroz doce em uma das peças do conjunto da compoteira de vidro partida, esta era bem menor e mais fina, com certeza (?) eu não arriscaria colocar algo fervendo nela, como o doce já estava gelado ela não se partiu, polvilhei um pouco de canela, provei o arroz doce e estava uma delícia. Pela manhã durante a meditação ainda me indagava sobre a lição. Primeiro, me ocorreu sobre o recipiente certo para acolher a doçura. Nem, todos os recipientes são apropriados para acolher a doçura. Alguns não suportam seu calor e se partem ao meio, e temos que limpar rapidinho tudo, com o cuidado de não nos machucarmos nos cacos. Segundo, aproveitar o que sobrou, pode ser bem mais do que foi perdido. Terceiro, escolher com atenção o novo recipiente, atente-se para que ele seja flexível, para acolher a doçura quente ou fria, e ainda por cima abundante. Experimente: Na próxima vez, que quebrar alguma coisa, preste atenção em você!

Nenhum comentário:

Postar um comentário